terça-feira, 10 de janeiro de 2012

AS TÁBUAS DO TEU CAIXÃO

Menino, eu te peço um beijo,
daqueles de antigamente.
De quando beijos e abraços
encantavam toda a gente!

Menino, eu te peço água,
da fonte mais cristalina.
De quando eu banhava a alma,
nos meus tempos de menina.

Menino, eu guardei meus sonhos,
aqueles que ninguém via,
nos lugares mais secretos...
Que só você conhecia.

Menino, eu aqui tão longe,
entre tantas solidões,
vivo a esconder meus sofreres
nos sótãos e nos porões.

Menino, o que me resta,
depois da vil despedida,
é achar que a tua morte
não levou a tua vida!

E que o meu amor materno,
depois de tanta aflição,
constrói o meu leito eterno,
com as tábuas do teu caixão.


Kátia Drummond

Foto: Kátia Drummond – "Suécia Outonal".

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