terça-feira, 24 de janeiro de 2012



INSEPARATIVIDADE

Perder-te foi a condição dolente,
para ter-te comigo vivamente.

Além do corpo morto, no caixão.
Além das cinzas guardadas em vão…

Perder-te foi a condição vivente,
para ter-te comigo onipresente.

Sem portos de chegadas e partidas.
Sem lágrimas de adeus, sem despedidas.

Perder-te foi a condição silente,
para ter-te comigo onisciente.

Em zona nunca antes visitada,
onde apenas os anjos têm morada.

Perder-te foi a condição premente,
para ter-te comigo sutilmente.

Bem onde paira o Ser primordial.
O Uno sem matéria corporal.

Perder-te foi a condição latente,
para ter-te comigo eternamente.


Kátia Drummond


Foto: Marc Wuchner/Corbis.jpg

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