E convido-vos a participar deste sagrado ritual,
onde efêmeras e oníricas, as fadas esvaecem.
não há templos, nem muros de pedras.
Trazeis libertas as almas e serenos os corações.
Perfumados incensos. Raminhos de alecrim.
Se ao meu lado ficarem, untarei vossos corpos
com o óleo das rosas vermelhas do bosque.
Revelar-vos-ei os caminhos secretos das florestas,
e as grutas encantadas, abrigos de delicados pirilampos.
Percorreremos rios que escondem serpentes aladas,
e mares que guardam gigantes cavalos-marinhos.
Seguiremos ao encontro de translúcidas medusas.
Comeremos verdes algas. Beberemos o vinho musgal.
Iridescentes conchas de madrepérolas servirão de taças.
Entre pérolas, saudaremos os Nagas ressuscitados.
A viagem parecerá longa. Mas... O éden é atemporal.
Encantados, eis que renasceremos do fundo do mar...
De volta à Terra, encontraremos uma frágil criança a chorar.
Débil folha seca, pendurada nos braços da mãe faminta!
Um velho, esquálido e sedento, sugará o derradeiro cacto.
Nós, ressuscitados, seremos a chuva, o leite, o mel.
Juntos celebraremos a vida e carpiremos a morte.
Até a última gota das nossas salgadas lágrimas.
Kátia Drummond
The Travelling Poet
2 comentários:
Minha reverência, Poeta!
Kátia,
Está firmado!
Quando eu tiver uma filha [meu sonho é ser "mainha"], é este texto que vou ler para ela à beira da cama, em tom de oração encantatória.
Um beijo em tuas mãos.
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Katyuscia
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