LUZ DE ESTRELAS
Estou cercada de arames farpados.
Em corpo ferido, dói-me inteira a alma.
Tenho sede de tudo! Quase tudo.
É no quase que agarro-me ao nada,
como criança antes da queda.
Debruço-me sobre a própria sombra.
Na falta de folhas e gravetos,
construo meu ninho de farpas urbanas.
Em brados insonoros e sem rimas,
revolvo-me entre fendas rochosas.
Aos primeiros raios de sol, flamejo.
E, radiante, gotejo versos sobre a terra.
É feita de estrelas a senda do poeta!
Kátia Drummond
The Travelling Poet
Arte: Jacek Stachowski
2 comentários:
Tem marcas...
de farpas, de fendas, a mão do poeta.
Mas entrelinhas, sabe volver a dor,
e tal qual disse um outro de sua espécie, numa paráfrase:
"amarrar seu arado a uma estrela!"...
Um beijo especial, pelas frestras natalinas.
Katyuscia.
...e a senda
do poeta acende
a sanha do planeta...
bj
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