quarta-feira, 23 de dezembro de 2009



LUZ DE ESTRELAS

Estou cercada de arames farpados.
Em corpo ferido, dói-me inteira a alma.
Tenho sede de tudo! Quase tudo.
É no quase que agarro-me ao nada,
como criança antes da queda.
Debruço-me sobre a própria sombra.
Na falta de folhas e gravetos,
construo meu ninho de farpas urbanas.
Em brados insonoros e sem rimas,
revolvo-me entre fendas rochosas.

Aos primeiros raios de sol, flamejo.
E, radiante, gotejo versos sobre a terra.

É feita de estrelas a senda do poeta!


Kátia Drummond
The Travelling Poet


Arte: Jacek Stachowski

2 comentários:

Anônimo disse...

Tem marcas...
de farpas, de fendas, a mão do poeta.
Mas entrelinhas, sabe volver a dor,
e tal qual disse um outro de sua espécie, numa paráfrase:

"amarrar seu arado a uma estrela!"...

Um beijo especial, pelas frestras natalinas.

Katyuscia.

guru martins disse...

...e a senda
do poeta acende
a sanha do planeta...

bj