quarta-feira, 14 de outubro de 2009




PROVENÇAL AMOR

Sou escrava dos que amam, e proclamam
em suas trovas, o provençal amor.
Daqueles que deliram, e gemem, o seu fervor.
Sem carta de alforria... E não reclamam!
Cativa exposta na catasta, posta à venda.
Submissa aos que buscam a bela prenda,
eis-me faminta, reduzida ao banzo.
Até nele sucumbir... Não de esperas.
Mas de amores a brotar nas primaveras!
A fluir nas águas doces dos seus lagos,
com brisas frescas a sussurrar afagos.
Até, sôfrega, alcançar a sua margem.
E fazer do seu corpo o cemitério,
onde, em prantos e encantos, sem mistério,
darei, por fim, meu sôfrego suspiro.
E, em êxtase, em versos terminais,
enterrarei meus derradeiros ais.
Até transformar minha quimera
no amor que renasce do suplício,
que vivifica e revigora o vício.
O amor que implora e que venera.
Escrava que sou da sua espera.


Kátia Drummond
The Travelling Poet

Arte: Antoine Denis Chaudet

Um comentário:

Anônimo disse...

Só mesmo a poesia pode dizer assim do amor...
Belo!

E eu, de alma revolucionária, subversiva, amante da liberdade, encontro-me presa por vontade ao único dogma a que me rendo.