quinta-feira, 3 de maio de 2007


DIVINO AMOR

[Para todas as as doces mainhas.]

Quer seja do orgasmo a sintonia
ou da fecundação a alegria,
não sei se é maior a dor do parto
ou a dor de entregar ao mundo a cria.
E é tanto, é tão profundo o sofrimento,
que o corpo-mãe vem a sentir por dentro,
que a aventurança da maternidade,
face a incerteza da vida lá fora,
à compaixão de mãe vira um tormento.
Ao coração de mãe vira maldade.

Ó Deus! Quisera nunca ter engravidado.
Nem mesmo nunca um dia ter parido.
Pois ter um filho e seguir rumo à morte,
deixando-o à deriva, à própria sorte,
é bem pior que um dia ter nascido.
Se em nome deste meu amor divino
eu bem pudesse reverter o tempo,
virar a roda-viva do destino,
e transformar, enfim, o saia em entre,
eu recolhia todos os meus filhos.
E, um a um, guardava no meu ventre.


Kátia Drummond
Sintra, Portugal.


Foto: Jon Jones

6 comentários:

Ivo Korytowski disse...

Belíssimo!!!

bruno cunha disse...

Eu não logo muito aos dias da mãe, do pai ou outros mas é 1 belo poema!

Eu próprio abalancei-me há poucos dias em escrever 1 poema no meu blog. Poderia ter saído pior.

;)

della-porther disse...

Lindo kátia...lindo

beijos

pra vc e família

emília della

i disse...

Vivam todas as mães!

Anônimo disse...

Nossa. Sensacional!

Giovani Iemini disse...

de sintra? bacana. sou de brasília. []s