domingo, 4 de fevereiro de 2007
POEMA INÚTIL
Não sei o que fazer para chover-te as terras.
Nem sei, ao menos, amparar-te as dores.
Eu bem quisera serenar em tuas serras
e orvalhar-te inteiramente os vales.
Mas… a lágrima que tenho é pouca.
O meu coração nem sangra mais.
Se as minhas mãos fossem pétalas,
nelas eu guardaria para ti os doces rios.
Se fossem conchas, por ti guardaria os mares.
Mas… as minhas mãos são frágeis
e meus dedos enrijecidos e débeis.
Trêmulas, as minhas mãos só sabem versejar!
Mãos inúteis, essas minhas, que nunca souberam arar.
Kátia Drummond.
Em primavera portuguesa. Monte Estoril, 2005.
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