sábado, 17 de fevereiro de 2007



HANNAH

[Para a nova netinha, ainda bem guardadinha no casulo.]

Eis que surge no outono a primavera.
E faz-se nela a vida, ainda semente.
A floração do sonho e da quimera,
a brotar em solo fértil, corpo ardente.
A natureza-mãe sempre quisera
recriar do fértil sémen de um vivente,
a deusa angelical que sempre houvera.

Eis que desce do céu uma estrelinha.
Prenúncio de alegria e de doçura.
A viajar no tempo, qual fadinha,
até chegar na terra da ventura.
E ao crescer, a alegre sementinha
vai preenchendo a casa de candura.
Como o faz à criança a bonequinha.

Eis que cresce no ventre, protegida,
o fruto do amor em movimento.
A revelar, na força em si contida,
a evolução do ser. Novo rebento!
A engendrar, na transição vivida,
o renascer do próprio nascimento.
Como se fosse eu, de volta à vida!


Kátia Drummond
Num outono português. Sintra, 2006.

Um comentário:

Anônimo disse...

Estes são os milagres de Natal!
Sem datas determinadas...

Lindo!