sábado, 17 de fevereiro de 2007
ENQUANTO ANA TERRA NÃO VEM.
[Para Ana Terra Drummond. Com amor de vó-peregrina.]
Já vivi a intensidade exaustiva dos retiros.
Recitei todas as preces e tomei todos os votos.
Jejuei em busca de sanar as dores deste mundo.
Não matei, não roubei, não menti.
Cometi virtudes, purifiquei o corpo e a alma.
Realizei sonhos e multipliquei amores.
Convivi com todos os seres vivos e mortos.
Só não amei a Deus sobre todas as coisas.
Agora, resta-me estirar a rede na varanda,
acender a lua, deitar e sonhar.
Enquanto Ana Terra não acende o sol.
Katia Drummond.
Em primavera portuguesa. Sintra, 2005.
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