CONSAGRAÇÃO
Sinto uma suave fragrância de alfazema no ar...
Sei que ele ronda o templo… E que não tarda.
Trato de acender as velas e os incensos.
Abro as janelas, como quem devassa sonhos.
Peço silêncio aos pássaros. Calma ao vento.
Ao longe, entre o ramalhar das árvores,
pressinto, em quietude, o seu chegar!
Preparo o corpo para o calor do seu abraço.
O rosto, para a ternura do seu beijo,
O colo, para o deleite da sua alma.
Como quem não quer nada,
agradeço aos elementais, na surdina…
Faço-me concha, para aconchegá-lo.
Em formosuras, faço-me ninho.
E, depois, sorrindo em lágrimas,
venero-o, em maternal amor.
Vejo-o partir, como partem as andorinhas.
Os girassóis, ao findar as primaveras…
Mas… Apenas por saber que ele voltará,
sinto-me, ou finjo-me sentir, asserenada.
Afinal, somos, da mesma natureza, engendrados.
No mesmo universo, mãe e filho, proclamados.
Dessemelhantes, gerados da mesma espécie.
Consagrados, ungidos com a mesma luz!
Sinto uma suave fragrância de alfazema no ar...
Katia Drummond
Como amava demais a vida no campo,
dá pra ver no seu franco e feliz sorriso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário