domingo, 11 de novembro de 2007


POETA NÃO MORRE. DESENCANTA!

Brasa que arde incessantemente,
e que, mesmo nas chuvas, não apaga,
por ser pagã, sou muitos firmamentos.
Por ser ateia, mais que encantada!
Por se poeta, todos os rebentos.

Assim havendo, quando nos encantos
soam, em murmúrios, as torrentes,
e ecoam em suas tumbas os fantasmas,
tambores rufam dentro do meu peito.
E nos sangues e linfas secam os plasmas.

Não a morrer. Mas... a desencantar.
[Encantados não morrem. Desencantam!]
Desintegrar-me, transmutar-me em verso.
Evanescer... qual nuvem passageira.
E explodir estelar no Universo!


Kátia Drummond
Em outono português. Sintra, 2007.

Imagem: Lawrence Manning.

3 comentários:

Anônimo disse...

Kátia, o poema é belíssimo, mas de uma tristeza enorme. Que é isso, amiga poeta; não seca nunca quem sabe onde brotam as fontes que fertilizam as planícies da vida.

E você sabe onde elas se encontram!

Tim

Luiz Alberto Machado disse...

Maravilhoso seu espaço, amiga, estarei indicando nas minhas páginas.
Beijabrações
www.luizalbertomachado.com.br

Anônimo disse...

Acabo de te conhecer e ler seus poemas no "germina",amei vc,estou apaixonado,é linda demais! seus versos são soltos,sentidos...sem frescuras,adorei vc! beijos!



Augusto