segunda-feira, 26 de março de 2007
CARTA DE ANIVERSÁRIO.
O sol brilha por aqui em mais um dia de aniversário.
Antes, diria, dia festeiro... dia festivo. Antes!
Mas... a lonjura insiste em nos separar.
Entre nós, paira a geografia. A física. A lógica.
E ficamos matando a voraz saudade,
como quem lembra do do primeiro brinquedo.
Restam-nos os furtivos reencontros. Quando, onde?
Alegrias e recordações no cais do porto de chegada e de partida.
Somos marinheiros sós. Sóis brilhando nos trigais.
Doirados girassóis brotando a cada outonal 26 de março.
Num espelho sobrenatural brindemo-nos.
A festa é nossa. Apesar de tantas saudades mal compensadas!
Nós éramos inocentes quando nascemos.
E ainda o somos, pelos nossos amares constantes.
Vamos celebrar?
Para mim, que versos faço, basta-me sonhar...
bem à sombra do arvoredo, como um pássaro cinzento caído.
Perdida no tempo, mas plena de vida e de voos.
"Que nada nos limite. Que nada nos defina. Que nada nos sujeite.
Que a liberdade seja a nossa própria substância."
{Simone de Beauvoir}.
Até mais, que vou as pressas costurar com pétalas de flores
a nossa delicada e luminosa felicidade.
Katia Drummond.
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PRIMAVERA OUTONAL
Viver é mais que saber
que nada é definitivo
quando o corpo está vivo,
quando bate o coração.
O resto é futuro incerto.
Felicidade de giz
desenhada no deserto.
Viver é mais que querer
estar aqui ou ali.
É simplesmente viver.
Sem procurar entender
por que o março outonal
é a primavera a florir
nos marços de Portugal.
Kátia Drummond
Em primavera portuguesa. Sintra, 2007.
FOTO – ALBUM DE FAMÍLIA: EU E A MANA SÔNIA.
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Um comentário:
Parabéns pelo aniversário e pelo poema!
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