AO ETERNO AMOR
De tanto que eu te amo, eu desalinho,
e dou voltas e voltas no destino.
A procurar por ti, aqui pertinho,
sinto minh‘alma em dor. Burlo o divino!
E
volto a amamentar-te com carinho.
E tu
sugas meu leite. O doce sumo
que
a natureza-mãe concede à cria.
Olhas
pra mim... E eu, em ti, presumo
o
anjo que de mim nasceu um dia.
E
lágrimas fecundam o meu humo.
Eu volto à fonte, ao grão original.
Fecundo o corpo e a alma novamente.
Sem saudade, sem dor, sem funeral...
E desvendo o mistério da semente
que brota em meu canteiro universal.
Ao entender que es meu próprio fruto,
retorno ao mais profundo sentimento...
Ao eterno amor, por ti, que eu desfruto.
O amor que te transforma em linimento.
E faz de ti o meu eterno luto.
Kátia Drummond
Foto: Sávio Drummond, meu eterno amor.