quarta-feira, 12 de setembro de 2007


PÁTRIA

Declaro-te meu amor, pátria minha!

Faço tuas as minhas utopias.
Entrego-te os meus sonhos
de ver-te brotar em viçosos pomares.
Serras e vales verdejantes,
onde todos os caminhantes,
livres da fantasmagórica fome,
com risos descontrolados,
deliciarão seus puros paladares.

Ainda carrego-te no meu corpo curvo.
Meu coração, cheio de recordações,
revolve meus tempos de cigarra,
quando eras meus frondosos oitizeiros.

Ao longe, lambo-te delícias e doçuras.
Mel a escorrer pelo teu corpo-mapa.

Navego-te horizontes sem fim,
em busca de desvendar-te a felicidade.

Rasgo-te os limites. Cruzo-te as fronteiras.
Cheia de desejos, crivo-te de beijos.

Declaro-te meu amor, pátria minha!

Porque ainda estou viva e ainda choro.
Porque ainda acredito em ti.


Katia Drummond
Em verão português. Sintra, 2007.


FOTO: Stephanie Maze.